domingo, agosto 24, 2014

AUTOPSIA DE FERGUSON

Eu não estava lá. Não vi.
Porém, a conclusão de que o jovem tinha os braços no ar a render-se quando foi atingido pelo Polícia oferece muitas dúvidas. Para não dizer ridícula.
Dos 7 tiros que atingiram quatro foram na zona do braço direito,  de raspão ou com perfuração não incapacitante. E, por isso, o Agente continuou a disparar até imobilizar o indivíduo. Um dos tiros raspou a cabeça, também não foi incapacitante. Daí que os dois outros tiros - no olho direito e no pescoço do lado direito - é que terão sido mortais e imobilizadores do jovem.
Nas imagens que a Polícia mostrou do jovem a assaltar uma loja de conveniência, dá para perceber que o jovem era um latagão de metro e oitenta a tal com cento e muitos kilos de peso. A forma de ele interagir com o dono da loja foi a de usar o corpo volumoso e pesado - que é a sua verdadeira arma.
Adivinha-se que aquele jovem desde pequenino resolveu todos os seus problemas na Escola mandando a barriga para a frente. Não é preciso ser psicólogo para identificar um brigão.
Ora bem, com esta apreciação subjectiva sobre a forma de reagir do "jovem" e perante o registo da entradas das balas, o que me parece é que o "jovem" estava a atacar o Polícia com a mão direita. E por isso os tiros atingiram o braço e peito do lado direito. 
Até é de conceber que o Polícia estivesse dentro do carro e tivesse sido atacado pelo "jovem" que meteu o braço direito pela janela da porta para, por exemplo, lhe tirar a arma ou tentar agarrar pelo pescoço. E o Polícia, com mais ou menos medo, desatou a  disparar contra o braço e, por isso, foi tão errático na pontaria. Porque o braço estava em movimento e o Agente estava a desviar-se em simultâneo do braço O episódio só  acabou quando o "jovem" foi atingido pelo tiro na cabeça que o imobilizou.
Os resultados da autópsia são muito mais compatíveis com esta tese do que com a tese passada pelos jornalistas de que o "jovem" estava com os braços no ar a render-se.
A partir de certa altura neste texto passei a escrever "jovem" entre aspas, porque um tipo com uma desenvoltura física daquelas está longe de poder ser apelidado manhosamente como jovem só para diminuir o seu potencial de ameaça física.
Lamenta-se a morte de um jovem de 18 anos. Mas não embarcamos no conto do vigário do racismo puro e simples. O jornalismo deveria ser mais rigoroso. A história da rendição com as mãos no ar não pega. Para confirmar a minha tese seria necessário estudar com mais rigor o ângulo de penetração dos projecteis e os vestígios de pólvora na roupa e no braço direito da vítima. 

Se eu tinha alguma necessidade de estar a pronunciar-me sobre este assunto ? Claro que não. Mas cada vez que o jornalismo vem com uma história qualquer, de imediato me vejo obrigado a pensar de forma autónoma. É que poucos jornalistas portugueses  sabem pensar e os poucos afortunados raramente o fazem com lógica. São meros papagaios de teses pré-definidas que lhes colocam à frente.

1 Comments:

Blogger Lura do Grilo said...

"de imediato me vejo obrigado a pensar de forma autónoma": também eu. O que me aflige é que a morte de brancos à mão da polícia ou de meliantes negros não mereça a mesma atenção que este.

O "racismo" está completamente desvirtuado: isto é muito mau.

13:22  

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