sexta-feira, abril 25, 2014

OS ALÇADOS AO PODER DE ABRIL

Não sou adepto do Marcelismo que se vivia antes do 25 de Abril porque até aos 14 anos de idade não tinha consciência do contexto político. Percebia que alguma coisa incomodava as pessoas, mas isso não era critério suficiente, pois que actualmente também há muita coisa a incomodar as pessoas. A minha consciência política só surgiu em reacção ao regime que os comunistas instalaram em Portugal  em  1974 e 1975. Foi a sofrer na pele todos os dias a arrogancia daqueles que definiam aquilo que deveria ser a minha vida que eu percebi que Liberdade deveria ser exactamente o contrário do que os comunistas praticavam.  E, por extrapolação, concluí também pela falta de Liberdade na era marcelista, se bem que algumas dessas faltas fossem mais graves, outras fossem menos graves e outras perfeitamente entendíveis.
Ou  seja, a minha conciência política na adolescencia foi forjada em plena Guerra Fria e por reacção ao Pesadelo Comunista.
Dizia há poucos dias o ex-Presidente de Moçambique Chissano que o Estado Novo se aguentou tantos anos devido à propaganda anti-comunista. Estou inteiramente de acordo. Bastava ter-se conhecimento da desgraça e da miséria que os regimes Comunistas praticavam para lá da Cortina de Ferro para se tornar mais aceitável, a título de mal menor,  qualquer ditadura  ou regime mais musculado que expressamente combatesse o Comunismo.  Aliás, em termos internacionais, o regime do Estado Novo gozou dessa tolerância, até em termos de Nato, exactamente por ser um regime naturalmente  anti-comunista. Mais, o único defeito que o regime do Estado Novo não tem é o de ter sido anti-comunista. Porque isso nunca foi defeito. Foi a principal virtude. Todos os outros países da Mundo Ocidental eram anti-comunistas e não são politicamente desprezíveis só por isso. Mas esta constatação obriga-nos a uma conclusão lógica: o Partido Comunista Português foi a principal razão para o Estado Novo ter durado tanto tempo. Se os Comunistas não existissem, o Estado Novo tinha-se desmoronado muito mais cedo. Ou seja, mesmo antes de os Comunistas se terem instalado no poder em 1974 e terem conduzido a País à ruína económica  e à primeira bancarrota democrática, já prejudicavam o progresso natural do Povo Português.
Voltando ao princípio deste texto, não sou adepto do Marcelismo, mas uma citação de um livro seu que encontrei na net merece ser transcrita:

1 Comments:

Blogger Lura do Grilo said...

O Marcelismo já era muito suave. O meu sogro lembra-se que o pai estava uma vez em casa de amigos a ouvir a BBC a noticiar o fim da guerra e alguém bateu à porta: fugiram todos pelos muros dos quintais. Era proibido ouvir rádios estrangeiras.

Digamos que há as ditaduras e as dita duras. A nossa era uma dita dura. Concordo que o comunismo era uma boa razão para manter o regime. Acho que o 25 de Abril foi bom apenas por acabar com a Guerra Colonial mas o preço foi horroroso para todos.

17:59  

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