quarta-feira, maio 15, 2013

PARVOÍCES PRESIDENCIAIS

Cavaco Silva fala de "inspiração" de Fátima na conclusão da sétima avaliação da `troika`

O Estado é laico. Mesmo dentro da Igreja Católia o fenómeno de Fátima não é pacífico ou consensual. Bem sei que o Papa João Paulo II lhe deu ampla  cobertura oficial, mas eu ainda sou do tempo  em que o Prior da minha freguesia desconfiava de Fátima, em especial, dos interesses internos da Igreja que por ali se alinhavavam. E na paróquia havia os crentes em Fátima e os não-crentes.
A 7ª avaliação da Troika, como é evidente, não se trata de qualquer milagre religioso. Um Chefe de Estado não pode, por isso, assumir expressões populares como se estivesse na padaria aguardando o saco dos papossecos e a falar  com as velhas das dores nos joelhos causadas pelo nevoeiro.
Ademais, ou ele estava a falar a sério porque acredita mesmo que foi milagre, e não podia dizê-lo pelo ridículo em que incorre pelas suas funções. Ou estava a brincar, e não se brinca com coisas sérias para alguns milhões de portugueses.
Mas no fundo, Cavaco Silva deu sequência ao que de mais profundo vicia a alma portuguesa: Tudo o que é bom ou mau tem sempre uma origem  mais ou menos esotérica, nunca é culpa ou mérito nosso.
É por o Povo portugues se infantilizar sistematicamentre deste modo, demitindo-se de tomar o rumo nas próprias mãos e atribuindo a um qualquer Karma a responsabilidade  pelo passado e o rumo para o futuro, que duzentas famílias mandam no rectangulo desde 1820.
E cada vez que um outsider a essas famílias logra o poder, a barraca ainda é maior. Veja-se o que aconteceu com Salazar, com Cavaco ou com Sócrates.
Cavaco, a continuar assim, um dia destes revela  que no jardim do palácio de Belém ouviu um passarinho a cantar e percebeu que era a alma de D. Sebastião. Na Venezuela está outro idiota eleito que já fez um número desses.