ALMAS INCHADAS

O complexo de grandeza, a falta de desportivismo na derrota, a falta de humildade na vitória. O julgaram-se  mais do que os outros, a soberba,  a falta de solidariedade,  a celebração  das derrotas dos adversários, mesmo quando sofridas perante terceiros, a antecipação temerária  e arrogante  de vitórias  ainda incertas.

Durante anos  foi  o desejo  de lucrar sem trabalho, a preguiça, a sombra dos louros, a incompetência, a bravata, a inferiorização dos outros, o desmerecimento do êxito alheio, a inveja, a auto-desculpabilização dos erros e (o pior de tudo) a responsabilização de terceiros pelos erros próprios em pueris e patéticas teorias de conspiração. Ou  ganham por direito divino, ou, então, foram roubados. Nunca perderam pelo facto do adversário ser melhor.

Dir-se-á, e com razão, que nem todos  são assim. Bem como se poderá dizer, e com razão, que nos outros também há gente decalcada naquele comportamento. Mas aquela postura tem marca registada num local certo e determinado.

 E é por isso que o Treinador é tão popular  apesar de ter protagonizado as piores humilhações desportivas de que há memória.  Humilhações que despediriam qualquer outro Treinador. Mas o timoneiro  mantém-se no leme da caravela porque ele encarna a exacta imagem daquela forma de estar. Na mesma semana, nem a uns nem a outros saudou,  recusando-se a dar os parabéns a quem lhe ganhou. Em ambos os casos optou por se afirmar melhor do que aqueles com quem acabara de perder. Malcriado. E infantil.