sábado, abril 06, 2013

OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OS OUTROS

Transcrevo na íntegra o artigo de opinião de José Manuel Fernandes no Blasfémias para que a futura eliminação do link não o faça desaparecer.

"A sentença do Tribunal Constitucional é muito simples e cristalina: em Portugal é possível aumentar os impostos até ao limite do confiscatório (por isso aprovaram a taxa de solidariedade dos reformados), mas é impossível tocar nos salários do sector mais protegido e mais bem pago da população, o dos empregos públicos. É uma sentença contra os contribuintes e a favor dos funcionários públicos. É uma sentença que torna virtualmente impossível qualquer reforma do Estado ou qualquer compressão na despesa pública pois estas afectarão sempre o estatuto aparentemente intocável “de quem aufere remunerações pagas por verbas públicas” . Aliás é sintomático que nenhuma das pessoas que se congratulou com a sentença tenha dado uma só sugestão razoável de cortes alternativos. Incluindo a totalidade dos patetas dos jornalistas que falam muito de cortes na despesa mas que só repetem inanidades sem qualquer impacto que se veja. Com a sentença do ano passado tivemos mais austeridade este ano e um brutal aumento de impostos – com esta sentença prevejo um desastre ainda maior. O destino de Portugal já só estava parcialmente nas nossas mãos, com esta sentença ficamos completamente nas mãos dos credores: ou eles nos emprestam ainda mais dinheiro por causa dos sacrossantos direitos dos funcionários do Estado (os do sector privado sofrem de forma desproporcionada o flagelo do desemprego, mas isso não incomoda os senhores juízes, que têm as suas carreiras e os seus lugares garantidos para sempre), e desistem de algum dia termos as contas equilibradas, ou vamos para o buraco. Eu, no lugar dos credores, começava já a fechar a torneira. É que em muitos outros países, mesmo aqueles que não estão em dificuldades, já se cortou, e muito, nos vencimentos da administração pública sem que ninguém viesse dizer que estava em causa o princípio da igualdade (para os senhores juízes um princípio unidireccional e só a favor do grupo a que também pertencem). Porque hão-de eles dar dinheiro a um país que recusa racionalizar a sua despesa pública, que protege sempre os mesmos e onde todos os cortes na despesa ameaçam ser inconstitucionais? Não acredito que depois disto Portugal consiga fazer a prevista emissão a dez anos sem a qual o BCE não poderá dar o apoio necessário ao crédito privado, um crédito de que a economia precisa como de pão para a boca. Não sei também se vamos conseguir concluir nas melhores condições as negociações que já se tinham iniciado sobre as maturidades da dívida (o nosso parceiro nessa negociação, a Irlanda, uma das primeira medidas que tomou foi cortes 15% dos salários dos funcionários públicos, e não consta que seja um país mais desigual que Portugal). E vamos a ver o que sucede com o próximo cheque da troika, que devia vir em Abril mas já só vem em Maio. Depois de tanto sangue, suor e lágrimas, os portugueses não mereciam isto. Não duvidem que os dias que aí vêm serão ainda mais difíceis e incertos."

2 Comments:

Anonymous NC said...

Estamos entregues à bicharada, pura e simplesmente!!!
Ainda há poucos dias foi oficialmente anunciada a criação de mais cinco(!!!) organismos de coordenação da chamada Protecção Civil... Todos os que não andamos neste mundo apenas porque um dia nascemos, sabemos o que isso representa. São mais milhões e mais tachos, muito bem pagos ainda por cima, para satisfazer a clientela à nossa custa. Na zona onde vivo, no distrito de Aveiro, ainda recentemente por ocasião do mini-tornado, protecção civil nem vê-la!... Mas todos os dias ou quase todos os dias passa à minha porta uma vistosa pick-up da Protecção Civil ao serviço do cavalheiro que a detém... Este país é um manicómio e cada governo que temos continua o banquete à disposição dos eleitos!... Aqui não entra a Troika, aqui não se corta, aqui continua-se o desvario, que o mamar é bom!... Puta que os pariu a todos!!!

12:17  
Blogger carneiro said...

essas picups também circulam dentro de Lisboa - o meu Escritório é na Rua paralela à Camara Municipal.

Mas atendendo ao estado do pavimento já se compreende esse tipo de veículo em meio urbano.

17:26  

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