domingo, fevereiro 05, 2012

IDEOLOGIAS E CRÁPULAS



O vídeo foi sacado ao 31 da Armada, na suposição da respectiva autorização, atendendo ao serviço público assim prestado.

Devo manifestar a minha grande preocupação quanto ao destino imediato da nossa economia. O actual regime de cura vai matar grandes franjas da economia privada. E isso causa estagnação, despedimentos e impossibilidade de investimento em novas actividades. Por isso não sou um adepto incondicional do actual governo, nem subscrevo tudo o que faz ou diz. Porém - e este é um grande PORÉM - percebo que o actual governo está a tentar desenrascar a enorme porcaria deixada pelos socialistas. Não esqueci que foi em especial Sócrates quem colocou o país para lá da linha do possível, bem como foi Socrates quem assinou, em desespero e sem capacidade para perceber o que estava a assinar, o Memorando de Entendimento com a Troika. Com tremenda falta de conhecimento sobre matérias económicas, Socrates enterrou o País e com a mesma desfaçatez assinou tudo o que lhe colocaram à frente, até porque ele sabia que o cumprimento daquele contrato não seria problema seu. E ao dizer "Sócrates" significa-se corja socialista recentemente apeada do governo. É certo que não esqueço nenhum dos outros incompetentes governos que já tivémos, incluindo aqueles do Soares que acha "que o dinheiro aparece sempre", até aos do "bom aluno europeu" que desbaratou a identidade económica do país, querendo colocar a vender telemóveis quem trabalhava nos campos, nas pedreiras, no mar e nas oficinas. Mas metade do problema deve-se directamente a Socrates e ao conjunto de ministros e secretários de estado socialistas que, sem saber governar, sendo imensamente incompetentes, colocaram o país neste beco sem saída. Por isso, cada vez que oiço ou vejo estes socialistas descarados, os grandes responsáveis pela situação, a proclamarem soluções de pacotilha e a darem o dito por não dito, como se não tivessem sido eles a acabar com os "direitos adquiridos", como se não tivessem sido eles a assinar em nome de Portugal o contrato internacional que nos está a matar, apetece-me bater-lhes. Repito, uma coisa é a actuação do actual governo e as críticas que possa merecer. Mas o escandalo intelectual radica na disponibilidade dos socialistas para renegarem o que assinarem e esquivarem-se às tremendas responsabilidades socialistas pelo que todos estamos a passar. Se houvesse decência, o Partido Socialista pedia a sua dissolução. Porque o respectivo Programa e Princípios, ou foram abandonados ao longo do tempo por impraticabilidade histórica - o caso dos meios colectivos de produção que no tempo de Mário Soares foram metidos na gaveta -, ou comprovaram a sua impraticabilidade funcional numa tentativa de economia centralizada que, pura e simplesmente, não funcionou e conduziu o país á ruína. Se o colapso da União Soviética prova que um regime comunista económico não funciona, também o colapso do reinado de Socrates e de Teixeira dos Santos prova que os princípios económicos constantes do programa do Partido Socialista não funcionam nem são praticáveis. Por isso, provada a impraticabilidade das soluções económicas socialistas, só resta ao PS duas alternativas: ou se extingue como Partido Político, ou altera de forma radical o núcleo económica do seu Programa e Princípios e passa a ser outra "coisa" política. Até porque o Povo Português, por muito inculto que seja, não vai esquecer o que os socialistas fizeram recentemente. Está a doer em demasia para que seja facilmente esquecido. Por isso, o Partido Socialista não tem qualquer hipótese de voltar a ser governo em tempo de vida das actuais gerações. Mas não deve o PSD pensar que a partir daqui serão favas contadas. Em aspectos relevantes da relação cidadão-estado, o Programa do PSD não se afasta muito do programa socialista. Por isso, a ideologia é quase a mesma, como muito parecidas foram as práticas políticas que cada um deles adoptou quando no governo. Actualmente, o regime económico em vigor decorre exclusivamente das imposições contratuais da Troika, com pouco reflexo no programa partidário do próprio PSD. E daí que os chamados "cavaquistas" acabem por morder nas opções actuais da governação. Pois que os PSDês puros e duros estão tão incomodados como os companheiros de estrada socialistas.

Por força das circunstâncias académicas, nos meus tempos de jovem tive que ler, primeiro obrigado, depois curioso, os principais textos da chamada Doutrina Social da Igreja. Pelo facto de ser da "Igreja" mereceu sempre a hostilidade e o antagonismo dos meios de comunicação, todos eles socialistas e progressistas. E, por isso, quando se fala em algo que seja da "Igreja" o reflexo condicionado funciona. Mas só para levantar o véu, constata-se que a moderno sindicalismo baseado, não na luta de classes, mas na colaboração séria e leal entre todos os membros da unidade de produção, decorre da Doutrina Social da Igreja. E em Portugal há uma empresa que é o exemplo de que essa solução funciona. A Autoeuropa, com uma comissão de trabalhadores liderada por um homem de extrema-esquerda que não pratica a luta de classes, consegue ser uma das poucas empresas com progresso e paz social. Em vão a CGTP lá quis meter o braço. Foi a sorte. Em especial daqueles trabalhadores que parece serem os únicos com futuro em Portugal.

Será que morreram as ideologias ? Isso é o que dizem os intelectuais marxistas para se autojustificarem. Percebendo que a sua ideologia não tem campo de aplicação, querem impor a morte de todas as outras ideologias. Se eu não brinco, tu também não brincas. Mas as ideologias não morreram. Há umas que morreram, outras que estão mortas apesar de faltar ainda a certidão de óbito. Mas há outras que sempre estiveram vivas, mantidas quase na clandestinidade pelos nossos meios de comunicação de massas, eles próprios integrantes da ideologia moribunda e seus acérrimos defensores. O capitalismo é incontornável. Teremos que viver com ele, gostemos ou não. A solução passa por o amenizar. Tentativas de o negar só conduziram à desgraça. Em breve a nossa sociedade vai ser confrontada com uma tripla opção: ou teimar no regime residual de Abril constante nos programas do PSD e PS, ou refugiar-se no conforto transitorio de uma ditadura - de algum modo é o que estamos já a viver do ponto de vista económico - ou ensaiar a Doutrina Social da Igreja, que não tem nada com ir à Missa, mas que radica no que de essencial nós temos enquanto pessoas: a decência no tratamento recíproco, a tolerância perante os outros e a boa-fé e a lealdade nas relações humanas. Nada de lutas de classes. Tudo pela recíproca colaboração. Voltarei ao tema.