FLORESTA DE PRUMOS

Perante a insistência do "Engº Civil", cedi. Mas não estou convencido.

Eu explico: se estivessemos perante uma placa de cobertura horizontal, seria necessária a utilização abundante de escoras a apoiar as vigas para fixar a cobertura em certo nível e dar-lhe tempo a consolidar. E o resultado, depois da retirada dos prumos, seria uma placa estabilizada no exacto nível que os prumos proporcionaram às vigas durante a secagem do betão.

Numa cobertura em abóbada suspensa, as forças em tensão tendem a fixar a placa no ponto de equilíbrio gerado pela flexibilidade das forças reciprocamente antagónicas que dão esqueleto à cobertura. Ou seja, sustentei eu sem êxito que uma única escora ao centro, e apenas por razões de segurança, seria suficiente durante o enchimento. Devendo ser-lhe conferida alguma folga. Isto porque o peso do betão em fresco durante o enchimento é que faria com que a estrutura em ferro flexibilizasse e cedesse até ao seu ponto de equilíbrio. E ali se fixaria, não por efeito das escoras, mas por efeito da tensão do ferro incorporado e ainda flexivel enquanto o betão estivesse fresco. E, atingido esse ponto de equilíbrio, ou o ponto de cedência máxima da estrutura de ferro devido ao peso do betão, seria nesse ponto que o betão secaria e tornaria definitiva a cobertura.

Utilizando-se tantas escoras, o peso do betão em fresco não conduziu a estrutura ao seu ponto de equilíbrio e a cobertura ficou alguns centímetros acima do ponto óptimo de secagem que era o seu ponto de equilíbrio. Por isso, quando retirar as escoras, a cobertura vai ceder e rachar a toda volta. Não vai cair, obviamente, pois que o formato de cúpula o vai impedir. Mas vai ceder pelo menos uns milímetros a toda a volta no local da ancoragem à parede lateral. Escrevo isto antes de retirar as escoras. Para que conste. E daí pode ser que me engane. Nunca antes fizera uma cobertura em abóbada, por isso, nem imagino que seja assim como digo. Estou apenas a pensar em voz alta.