sexta-feira, setembro 09, 2011

ITER, ITINERIS - "O CAMINHO"




Não tenho pretensões a ser construtor civil. Mas quero experimentar a construção de uma cisterna. Até pela utilidade que dela retirarei. A colher de pedreiro nada tem a ver comigo. Aliás, fiz uma tendinite e tenho trabalhado com o pulso direito imobilizado. Não sei fazer cálculos de estruturas, nem sei nada de hidrodinamica. Apenas quero fazer uma cisterna. Comecei e hei-de acabar. Em 2001 fumava entre 2 e 3 maços de SG Gigante por dia. Quando deixei de fumar decidi que teria que subir a Serra da Estrela de bicicleta. Quatro anos depois subi por Seia. Parei meia dúzia de vezes até à Torre. Mas cheguei lá acima, não sendo capaz de controlar as lágrimas numa das situações emocionalmente mais intensas da minha vida. Com a cisterna, tem-se passado o mesmo. E com outras "cisternas" da minha vida. E se chorar quando a acabar, ajuda a encher. O que está em causa não é a excelência da obra, a qual nunca alcancarei. Está em causa assumir o desafio, fazer uma coisa improvável, superar as dificuldades, seja a dor física, seja o extremo cansaço. Até já perdi peso. A todos os que por aqui passam, obrigado pelos comentários e pelo incentivo. O grande prazer da vida não é o êxito. É o que sofremos até lá chegar. E o êxito não é ganhar aos outros. É superar as nossas limitações. Depois desta aventura irei olhar para os pedreios e trolhas com muito mais respeito. E se mais nada houvesse para celebrar, só esta dimensão dignificaria a epopeia.




7 Comments:

Blogger aamorim said...

Palavras sábias, para reflectir! Uns mais que outros...

Já agora, também tem o mérito de após toda esta "empreitada", os equipamentos ainda se apresentarem em excelente estado de conservação e limpeza!!! Não é normal. Após uma jornada de trabalhos duro, é habitual algum desleixo com os equipamentos.

Continuação de excelente trabalho.

17:36  
Blogger carneiro said...

ehehe...o material.
Pois...quando é o nosso...
A betoneira, depois de acabar a massa, leva sempre com água na boca, devagar na rotação, para lavar a maior. essa água já fica para a próxima mistura. O carro de mão, depois de vazio de massa, fica com alguma água para não secar até á próxima utilização. o balde para medir o cimento é sempre o mesmo que é para não levar com a humidade da areia, etc. No fim do dia,a esponja faz uma lavagem sumária à betoneira. O tempo que se gasta na prevenção, compensa ao ir para casa mais cedo. Só as laminas da cuba ficam a secar. Porque saem mais facilmente no outro dia na vibração da martelada.
Uma gamela e 3 baldes estão condenados. São os que levam com o cimento fresco e que não justifica estarem sempre a ser lavados. Ficam com água de um dia para o outro, mas no fim da obra vão para o lixo.

O gerador, nacional, tem pegado sempre à primeira. E quando falta a gasolina, engasga um minuto a dar o sinal.
A betoneira também é nacional.

A sua sorte, Amorim, é estar tão longe...

Abr

18:30  
Blogger mariotrindadept said...

Assim é que é e mais nada. Gostei e compreendi muito bem.E tudo o que se faz com gosto não cansa, quer dizer, cansar cansa mas depois fica-se bem.

22:54  
Blogger aamorim said...

Sorte?. Afirmo de novo, estivesse perto e teria um sócio para trabalhar, pelo menos em part-time.
"Apenas" e só porque em muita coisa partilhámos "essa forma de estar na vida", coisa rara actualmente.
Claro que haveria sempre um senão, o "meu Glorioso". Mas nada difícil de ultrapassar.
Abraço

12:11  
Anonymous NC said...

A nossa própria superação alimenta-nos o ego e torna-nos mais fortes, não tenho nenhumas dúvidas sobre isso. Preocupa-me é ver cada vez menos exemplos de gente assim. No fim tenho a certeza de que vai olhar para a obra, com todas as imperfeições técnicas que possa ter, com a agradável sensação dela estar ali e de a ter feito você mesmo.

12:41  
Blogger Victor Plastikman said...

Compreendi a sua Saga , Amigo !
Com a perna Inchada ainda em convalesçensa , depois da operação feita ao Femur , foi assim que me senti quando (estupidez ou não ) decedi subir a Serra da Arrábida pelo lado de Azeitão e voltar pela N-10 até Coina onde apanhei o " fertagus " para casa , ( e sem vergonha o digo ) chorei sem senhor !! mas , valeu a pena !
Portanto Amigo , o que conta é a qualidade e não a quantidade , força companheiro vamos lá acabar esse " buraco " carago .

20:22  
Anonymous Anónimo said...

Mas quem é que i manda trabalhar com a esuquerda???
Essas coisas fazem-se com irmã da canhota

10:17  

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