sexta-feira, dezembro 17, 2010

SINDICALISMO À BULHÃO PATO

Existem basicamente duas visões no relacionamento entre o capital-empregador e a mão-de-obra-empregados.
Uma baseia-se na luta de classes, no confronto latente entre patrão e empregados, em que só pela força os trabalhadores obtêm benefícios ou evitam ser prejudicados. Esta tese assenta no marxismo-leninismo e em Portugal é assegurada pelo Partido Comunista e pelo seu braço armado, o aparelho dirigente da CGTP.
Outra via funda-se na cooperação entre empregador e empregados. Constata-se que a empresa é um bem comum que interessa valorizar e potenciar, pois quanto maior for o êxito da empresa, maior o rendimento de empregador e de empregados e maior é a realização de todos enquanto indivíduos úteis à sociedade. Esta tese funda-se no pensamento da Doutrina Social da Igreja. Por cá só numa curta medida é sustentada por alguns dirigentes da UGT que a toleram, não por adesão clara ou convicta, mas porque são obrigados a com ela conviver, atentos os bons resultados.

Em termos sindicais o nosso pobre país ainda é mais atrasado do que noutros aspectos culturais, sociais ou cívicos. Os nossos sindicalistas vivem em plena luta de classes e conflito laboral que, aliás, potenciam como condição de sobrevivência do próprio aparelho de dirigentes. As empresas publicas com sindicatos mais fortes são as que somam mais prejuízos ao final do ano. Veja-se a CP, a TAP, a GroudForce, Metro, etc.
Por seu lado a tese da cooperação sempre existiu nas pequenas empresas onde a proximidade pessoal e comunitária do patrão e dos empregados levou a que naturalmente se estabelecessem relações de cooperação centradas na ética e no respeito. Uma grande empresa que tem praticado esse tipo de cooperação é a Auto-Europa. Flexibilizou horários, congelou aumentos, criou um banco de horas, tudo em função do mercado mas com a preocupação de manter os postos de trabalho e, agora, com a expansão da procura de automóveis vai aumentar salários e beneficiar do aumento produtivo através das horas de trabalho de que a empresa é credora.
Basta comparar a actuação inteligente dos sindicalistas da Autoeuropa com a actuação dos sindicalistas da Opel da Azambuja, que chegaram a fazer greve por causa de um aumento de 30 euros mensais, tendo tudo culminado no encerramento da fábrica e no despedimento de milhares, para se perceber qual é a melhor e mais eficaz forma de relacionamento entre o capital e o trabalho.

Foi assim que expliquei ao meu filho de 10 anos o que é o sindicalismo, as greves gerais e o que fazem aqueles senhores que aparecem na TV a falar dos direitos dos trabalhadores.