PODERES OCULTOS

Admito pertencer aos Poderes Ocultos.

Acho que a licenciatura do homem é uma treta e que ele nunca fez, além do mais, a cadeira de inglês técnico.

Acho que ele vendeu a assinatura técnica nos projectos de engenharia de Valhelhas e quejandos, os quais nunca foram da sua autoria.

Acho que o Freeport foi licenciado de favor e tão rapidamente por luvas para o partido, pelo menos, a nível local.

Acho que o Primo tentou sacar dinheiro só por ser primo.

Acho que o Tio revelou uma estranha promiscuidade e um fácil acesso ao ministério do sobrinho.

Acho que o Sobrinho não se devia ter exposto e sujeitado a reuniões viabilizadas pelo Tio.

Mas não. Não acho que o homem tenha beneficiadso pessoalmente de um único centimo.

Acho que o licenciamento do Freeport foi pago através de financiamento para campanha eleitoral. À semelhança do aeroporto de Macau e de outras obras aprovadas de forma análoga. Só falta saber se foi para a campanha que estava a decorrer.
Acho que os nossos políticos, regra geral, são pessoas honestas e idóneas na sua vida privada.

Acho também que os nossos políticos, nos negócios públicos assumem uma esquizofrenia legitimada pelo superior bem do partido e fazem coisas que na sua vida privada consideram desonroso, vergonhoso e criminoso.

Acho, finalmente, que esse é o drama da classe dirigente do país. E a nossa desgraça.