quinta-feira, março 06, 2008

TREINADOR DE BANCADA


O Futebol é um jogo colectivo. Consiste em levar a bola dominada até a fazer entrar na baliza do adversário. O campo é grande e os adversários são muitos. Por isso dificilmente algum jogador, isolado, lograria atingir o objectivo sem a colaboração dos seus colegas de equipa. Um bom treinador é aquele que consegue adequar a habilidade individual de cada jogador ao melhor desempenho do conjunto. E isso faz-se refreando a natural tendencia individualista e obrigando à partilha do esforço, ao mesmo tempo que se inibe a actividade do adversário. Costumo usar dois indicadores empíricos para aferir estas qualidades: quantas jogadas individuais com mais do que 2 fintas acontecem e se a equipa ao intervalo altera para melhor ou para pior o respectivo desempenho colectivo. Em ambos os testes Scolari e Jesualdo falham com estrondo. O primeiro muito mais do que o segundo. Assim, e pese embora a selecção nacional e a equipa do FCP estarem preenchidas por lotes de extraordinários jogadores que só muito raramente se conseguem reunir, não logram abandonar uma confrangedora mediania de resultados colectivos. Aqui e ali disfarçados por um isolado resultado proveniente de um explosivo génio individual. Mas isso, mais do que mérito, é o verdadeiro defeito. Não passam de efémeros êxitos que embriagam e que vão disfarçando a falta de consistência do desempenho colectivo. Estou farto de ver os adversários do FCP e da selecção nacional voltarem do intervalo com maior eficácia colectiva, enfim, a jogar uma melhor segunda parte. Isso acontece porque os treinadores dessas equipas desempenham com mérito a respectiva função: conseguem melhorar o funcionamento colectivo pese embora o seu grupo de jogadores a maior parte das vezes ser composto por broncos, toscos e chutadores para onde estão virados.
Sempre que Scolari e Jesualdo deparam com um treinador um pouco mais organizado e evoluído invarialvelmente claudicam. Este ano o FCP atingirá o título com a facilidade que os directos adversários lhe estão a conceder. A selecção nacional, por seu lado, vai ficar na fase de grupos do europeu depois de derrotas humilhantes. Fica a frustração do que se poderia retirar de tão bons jogadores com um treinador menos parlapatão. Para a maioria ficará a emoção das bandeirinhas, a defesa do resultado mínimo de ponta-pé-para-a-frente, o desempate por penalties e as habituais cenas de violencia dentro do campo. As pessoas, carentes de sensações, não percebem que isso é apenas emoção que também se consegue nos combates de galos. Nada tem a ver com futebol.
Para não falar já do pinderiquismo nacional de usar a morte de familiares como o despudorado galvanizador psicológico da equipa. À falta de táctica convincente, pergunta-se "quem morreu esta semana?", "então vamos ganhar para lhe fazer uma homenagem". Esta tão baixinha, pequenina, oportunista, desenvergonhada e habitual prática nem merece mais comentários. É torpe em demasia. Pobre futebol.
Pelo meu lado, vou voltar ao ciclismo.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

pois...mais words para quê?..muito embora aqui para nós qaue niguem está a ouvir, em Portugal, só o Porto sabe jogar como equipa coesa.

Mas se alguem disser que eu disse isto, eu nego! Ahahahah...

O que eu axxo é que o Fut é mais paixão/emoção do que cerebro.
É um lado irracional que tb faz falta :-) pelo menos, eu com o meu sporting é assim...hei-de ser verdinha até morrer! :-)


Maria

16:33  
Anonymous Anónimo said...

ehehehe...o SportinG não se portou mal ;-)
Já o Malfica...



MAria

22:18  

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