segunda-feira, janeiro 21, 2008

O SONHO DE SOCRATES



Conforme as imagens comprovam, eram mais os polícias do que os ciclistas.
A manifestação/concentração/protesto/passeio foi convocada em nome individual por um moço que acabou por não dar a cara. Desconfio que ele estava por lá, mas porque os ciclistas eram poucos, optou por não se identificar. Não fosse a polícia responsabilizá-lo. Confuso ? Eu explico: Em finais de Dezembro dois ciclistas em estradas diferentes foram gravemente colhidos por carros. Em 6 de Janeiro organizaram-se duas manifestações - uma no Funchal, outra na Marginal de Oeiras. Não compareci porque não soube da inciativa. Mas a convocatória partira de amigos e colegas dos ciclistas envolvidos.
Entretanto, e tentando aproveitar a embalagem da outra manifestação, surgiu o paisano da iniciativa de ontem. É que andam por aí uns ciclistas, organizados como "uma coincidência não organizada nem hierarquizada", que não percebem que esta coisa das bicicletas, além de envolver diversas sensibilidades, diferentes formas de uso das bicicletas, é um assunto sério. E acham que só a forma deles "é que é". E depois metem-se onde não são chamados, metem-se a fazer o que não sabem e, depois, as merdas acontecem.
O português normal, de classe média, que esteja sensibilizado para estas coisas, quer a bicicleta como instrumento de desporto e de lazer. E alguns vão um pouco mais além e encaram a bicicleta do ponto de vista da saúde pública e das várias poluições citadinas. É bom que se perceba que o ciclista médio, o português corrente - na linguagem parlamentar: o Zé - não pretende fazer da bicicleta uma afirmação existencial ou uma forma radical de vida. Ainda menos estabelecer um igualitarismo proletário em que todos sejam obrigados a andar de bicicleta, ainda menos relacionar a bicicleta com formas mais ou menos libertárias de organização social.
Ainda menos copiando modelos holandeses que, deste a traineira com o contentor até ao partido dos pedófilos, passando pelo consumo legalizado de drogas e pelo supermercado das putas, é um ambiente que não me interessa. Mas porque raio de carga dágua, eu para praticar ciclismo que me dá saúde tenho que levar com um pacote daqueles ? Mais, o que é que o cu tem a ver com as calças ?
Por isso, para quem não sabe, aqui fica o aviso: cuidado com manifestações "ciclísticas" convocadas por entidades anónimas, ou "cidadãos individuais" que não dão a cara, porque o movimento ciclístico é uma coisa séria e só fica prejudicado se a sociedade nos começar a ver envolvidos com okupas, xapitôs, ecotópicos e outros alternativos. Que queiram andar de bicicleta, tudo bem. Mas ponto final.
Outrossim, reparei que uma marcha cicloturística com mil e mais ciclistas obriga a que se paguem os batedores da polícia. Uma carta de um "cidadão individual" enviada para o Governo Civil deu origem à disponibilização GRATUITA de tanto policiamento...
Acabo como os repórteres de Curral de Moinas: cuidado com certos rapazes qua andam por aí...

A Maria fez a reportagem.

3 Comments:

Blogger anabananasplit said...

Hélder, penso que poderá estar a tirar ilações erradas do que aconteceu (ou, neste caso, do que não aconteceu).

«Entretanto, e tentando aproveitar a embalagem da outra manifestação, surgiu o paisano da iniciativa de ontem.»

Este tal Paulo Passos Leite encostou-se ao passeio de 6 de Dezembro alguns dias antes, visto que o anunciou num fórum 3 dias antes, dizendo que só nessa altura tinha sabido do evento. Mas apareceu citado numa série de artigos de media sobre o tal passeio, pelo que, presumo, não será um gajo qualquer com uma "hidden agenda" de algum tipo mais obscuro.

«É que andam por aí uns ciclistas, organizados como "uma coincidência não organizada nem hierarquizada", que não percebem que esta coisa das bicicletas, além de envolver diversas sensibilidades, diferentes formas de uso das bicicletas, é um assunto sério. E acham que só a forma deles "é que é". E depois metem-se onde não são chamados, metem-se a fazer o que não sabem e, depois, as merdas acontecem.»

Aqui acho que se está a precipitar e a acusar injustamente os participantes mais ou menos activistas (que variam muito) da Massa Crítica... Penso que este tal Paulo não tem nada a ver com a MC. Pelo que consegui pesquisar, ele pratica triatlo, dirigiu o CityChase em Portugal e trabalha numa empresa de eventos desportivos, pelo menos é o que indicam os contactos que ele indicou nos textos de divulgação e às autoridades...

«cuidado com manifestações "ciclísticas" convocadas por entidades anónimas, ou "cidadãos individuais" que não dão a cara, porque o movimento ciclístico é uma coisa séria e só fica prejudicado se a sociedade nos começar a ver envolvidos com okupas, xapitôs, ecotópicos e outros alternativos.»

Quanto à questão do anonimato, já comentei acima. Pode-se, no entanto, aprender com este episódio e só passar a reencaminhar e divulgar coisas cuja autenticidade possamos aferir minimamente. ;-) Concordo que este flop deu má imagem aos ciclistas, sim, mas principalmente ao organizador... Acho a associação que fez com "okupas, xapitôs, ecotópicos e outros alternativos" descabida para o caso.

Quanto ao movimento ciclístico, há dois: o do ciclismo pelo ciclismo, do desporto (BTT, cicloturismo, etc) em que a bicicleta é um fim em si mesma, e o da mobilidade, em que a bicicleta é um meio para atingir um fim. São ambos necessários e benéficos para todos, e um não invalida o outro. ;-)

Foi bom conhecê-lo ao vivo e a cores, depois de tantas visitas ao seu blog. É bom dar uma 3ª dimensão às interacções virtuais ao fim de algum tempo. :-)

14:39  
Anonymous Anónimo said...

Atão e a foto a deitares fumo da cabeça? :-)

O sonho de Sócrates...um polícia para cada cidadão ?!

15:06  
Blogger anabananasplit said...

Ah, e ele não se "encostou", quando ele disse que só 3 dias antes do passeio de 6 de Janeiro é que "ficou a saber", não era do passeio em si, mas da sua confirmação! Esta comunicação anda com bugs. :-(

15:25  

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