sábado, setembro 22, 2007

MONTEPEROBOLSO


Um comentador que assinou com este nome surgiu num post referido a Cerdeira do Coa, demonstrando ser conhecedor desta área geográfica. Agradeço a visita.
Devo referir que esta quarta etapa que me levou de Penamacor até Pinhel foi preenchida por dois percursos muito diferentes. De início, até ao Sabugal, enfrentei uma interminável Serra pela qual trepei penosamente durante cerca de 20 Km, atingindo os 1300 metros de altitude e passando por muitas dores musculares e desânimo na progressão. Foi a subida pelo Terreiro das Bruxas e Santo Estevão. No Sabugal, uns bombeiros voluntários com quem me meti à conversa, revelaram as razões de altitude que justificavam o meu lamento atlético pelo muito frio que me tolhia as pernas e fazia tremer o dente.
Na segunda parte do percurso, passei por algumas subidas duritas a caminho do planalto de Leomil. Foi nessa fase que passei por Rapoula do Coa, onde almocei a minha sandes de paio à beira da estrada. Aqui beneficiei de uma generosa oferta de uma garagem para que, com mais privacidade, pudesse vestir mais uma camisola interior térmica, pois o frio teimava em não me abandonar.
Em Cerdeira do Coa, com a temperatura mais aliviada, abasteci de água e bebi dois nectares açucarados. A dona do café ofereceu-me gelo para os cantis. Mais à frente tive um encontro com uma velhota de preto e suas cabras que aqui já contei a propósito de papossecos e bijous.
Foi o percurso onde interagi mais com as pessoas locais e onde generosamente me ofereceram apoio de forma espontânea e desinteressada. Se o comentador monteperobolso, por acaso, é daquela região, é justo que receba este elogio das suas gentes.
Etapa 4, Penamacor-Pinhel, 93 Km, 5:59 Horas, 15,62 Km/h, 7239 Kca

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

conhecia nomes estranhos mas como este...MONTEPEROBOLSO...Caramba, que grande imaginação tem este povo ;-)

19:55  
Blogger Agnelo Figueiredo said...

As coisas que se vêem quando se anda de bicicleta...
Já aí passei várias vezes e nunca dei conta do "monte pelo bolso".

Outra coisa:
Isso não será muita caloria duma vezada?

01:04  
Anonymous Anónimo said...

Peço licença ao excelente atleta OXICLISTA, que confesso, numa primeira impressão, me parecia estar em presença de um trotamundos de mapa, mas que logo se viu que não.
Grande atleta
Por isso peço para deixar este apontamento sobre o Monteperobolso

Epítome histórico-geográfico-eclesiástico do Monteperobolso

A nossa terra deve ser das povoações portuguesas que mais nomes tem para se identificar: Monte Perobolso * Monte Perobolço * Monteperobolso * Monteperobolço e ainda “Monte de Pêro-Bolso, Monte Pero Bolso e também Monte Paraboloso” (Pinho Leal) ou simplesmente Monte.
Localização: Latitude - 40,554 N; Longitude - 6,980 W
Segundo o último censo (2001) o Monte tem apenas 79 residentes para uma área com 8,15 Km2 e uma densidade de 9,7 hab/Km2.
A freguesia do Monteperobolso pertence ao Concelho de Almeida, distrito da Guarda, fica bem na extrema leste da Beira Interior Norte. Ergue-se à entrada de uma meseta que se vai formando por entre os contrafortes a norte da Serra da Malcata (1072 m) — terras de Riba Coa e Noemi — até à Serra da Marofa (977 m) .
História breve: No período da Reconquista, o território das terras de Riba Coa pertencia ao termo de Ciudad Rodrigo (Reino de Leão) tendo sido integradas na coroa portuguesa, já no reinado de D. Dinis com o célebre Tratado de Alcanizes em 1297, celebrado entre D. Dinis, de Portugal e D. Fernando IV, de Leão e que, para além da fixação da raia, (tratado fronteirço mais antigo da Europa ainda hoje vigente) acordou o casamento de D. Constança (filha de D. Dinis e da Rainha Santa Isabel) com D. Fernando IV de Castela, e do príncipe D. Afonso (futuro D. Afonso IV), com a irmã do rei castelhano, D. Beatriz.
Desde o séc. XIII que as freguesias de Azinhal, Peva, Freixo, Mesquitela, Monteperobolso, Ade, Cabreira, Amoreira, Leomil, Mido, Senouras, Aldeia Nova, Parada, Porto Ovelha e Miuzela pertenciam ao concelho de Castelo Mendo (extinto em 1855). Nesta data foram anexadas pelo concelho do Sabugal que, poucos anos mais tarde, (1870) passaram a integrar o concelho de Almeida.
A freguesia do Monte faz fronteira com: Porto de Ovelha (S), Parada (SO), Mesquitela (N), Castelo Mendo (W), Amoreira (NO) e Ade (E).
Entre o Monte e a Ade ergue-se a capela de Santa Bárbara comum às duas freguesias.
Em termos eclesiásticos o MontePerobolso começou por pertencer ao Bispado de Ciudad Rodrigo, e sucessivamente ao de Lamego e Pinhel.
Actualmente pertence à Diocese da Guarda. O Monte tem como orago São Brás.

Feiras e Romarias
São Brás (3 de Fevereiro, Feira/Romaria) cuja origem se perde nos tempos.
Santa Bárbara, Romaria (Agosto de 2 em 2 anos)

Património:
Igreja matriz de invocação a São Brás; Capela de Santa Bárbara; Capela de São Brás; Passo do Senhor dos Aflitos; Fonte Romana; Forno comunitário.

19:58  
Anonymous Anónimo said...

Penso ter contribuido para o esclarecimento de nome táo estranho.
É bom não esquecer que antes do Tratado de Tordesilhas estas terras pertenciam ao termo de Ciudad Rodrigo, Reino de Leão.

Já agora e a talho de foice, à direita da Miuzela (sentido Sabugal - Cerdeira) há uma terra chamada Porto de Ovelha donde é natural o actual Procurador Geral da República -Pinto Monteiro.
Ainda e como curiosidade, Porto de Ovelha é a terra de naturalidade de Ex-PR Ramalho Eanes. Isto me foi garantido por meu pai que era amigo do pai do General, muito embora o registo tivesse sido feito em Alcains. Na época O pai de Ramalho Eanes construia uma casa em Porto de Ovelha.

Um forte abraço trotamundos. Quem não se esquece desre promenores toponícos -Ade-Mesquitela-Monteperobolso

20:49  
Anonymous Anónimo said...

Corrigenda:

2º $ onde se lê "Tratado de Tordesilhas" deverá ler-se

Tratado de Alcanizes

11:15  
Blogger carneiro said...

Azurara,
A quantidade (provável) de Kcal depende de uma variável que é o ritmo cardíaco. Quanto maior o esforço, mais elevado é, e maior a quantidade de kcal consumidas.

Repara que neste dia para fazer 93 Km, dispendi tantas Kcal como para fazer 142 Km entre Mangualde e Ansião.

Comparando os percursos e os débitos calóricos dá para interpretar a dureza da estrada que encontrei em cada dia.

17:24  
Blogger carneiro said...

Meu caro Monte,

Volte sempre, em especial para enriquecer os conhecimentos da malta.

No próximo ano, até irei a Monteperobolso.

Se 'isto' fosse uma questão de opinião, eu escolhia "Monte de Pêro-Bolso". Mas a história é factual.

17:31  
Blogger carneiro said...

Outra coisa, Monte:

Passei por tanto local desconhecido que o refazer do percurso por vezes passa pela consulta do mapa para identificar rios e terras.

Com Cerdeira aconteceu isso. Lembro-me da descida, de ter parado antes da Ponte para fazer a fotografia da Fonte do Piolho, junto ao 'viaduto' do Caminho de Ferro, lembro-me da travessia do rio e da praia, lembro-me da estalajadeira e do respectivo filho no café com bancos de balcão, mas sinceramente lembrava-me lá se a terra se chamava Cerdeira do Coa ou só Cerdeira...

E as subidas e descidas foram tantas e por vezes tão similares no padrão - desce até á ponte e sobe do outro lado - que a reconstituição de memória do percurso é contingente.

Abraço e obrigado pela simpatia das palavras.

17:36  
Anonymous Anónimo said...

Gostei das informações. Passei po Monte Perobolso há anos atrás em férias e tenho uma amiga aqui no Brasil que viveu lá, a Fernanda, que foi casada com um rapaz de Pailobo. Visitei também a Parada por 3 vezes, pois é a terra de meus pais. São lgares característicos e muito diferentes das pequenas cidades do interior aqui do Brasil. Vi grande encanto nelas. Lúcia Fonseca riosena@ajato.com.br

00:22  
Blogger carneiro said...

D. Lucia, obrigado pelo seu testemunho sobre aquela linda região onde, pelos vistos, tem as suas raízes.

12:35  
Blogger Unknown said...

Peço autorização ao corajoso OXICLISTA,que percorreu as terras da Beira Alta de bicicleta, para enviar esta mensagem, felicitando-o pela coragem de percorrer as estradas da Beira Alta de bicicleta. Eu sou natural de Monteperobolso, Concelho de Almeida.Fixei residência na cidade do Porto, em 1959, mas não deixei apodrecer as minhas raízes naquela linda aldeia beirã. Gostei dos seus comentários sobre aquelas terras junto ao Rio Noémi e Rio Côa. Dou-lhe os parabéns pela sua coragem. Um abraço. Apareça por lá no dia 3 de Fevereiro 2009, para conviver com a malta, neste dia de Festa do Padroeiro São Brás. Será lá bem recebido. Eu estou lá concerteza se Deus me der saúda. Um abraço. Até breve.

00:50  
Anonymous Aires said...

Ontem (26/06/2016),desde Lisboa, viajei por aí! Isto porque tendo participado num encontro (jantar) de curso um deles (Tó Fonseca, o fotografo, engº na EDP) disse ser da Guarda. Afirmou ser o seu pai de Monteperobolso. Á espera de que ninguém soubesse em que coordenadas tal sítio se encontrasse eu respondi-lhe que dali era meu pai. Que ali tinha eu estado havia um mês num jantar com 50 familiares (meus irmãos (de Valeverde -a 15 km dali) meus primos direitos e descendentes. Coincidências! Eu e o Tó Fonseca(do ramo dos Quinazes) cruzamo-nos muitas vezes na Amadora onde qualquer de nós mora. O mundo ainda é mais pequeno do que pensamos. Aires Monteiro Gonçalves

22:14  

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